verso, prosa e frases soltas, gritos na noite, pulso que pulsa, meia-verdade, meia-justiça e um grilo falante

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Beslan, Rússia

Entendo os vampiros —
Sua sede de sangue.
O homem furtou-lhe
A imagem do espelho,
Unindo a saudade
Do deus e da Besta.
Os buracos desta
Calçada suja
Conheço de cor
Dó, cor, dor mor — tal
O que é um corpo
Dentre outros trezentos?
Dos canibais, o hálito
Perfuma o planeta,
E minha TV
Sufoca uma mãe
Que chora por isso.


 

domingo, 26 de julho de 2015

Solidão na parada de ônibus

Uma rua estranha,
Um banco desconhecido.
Deserto.
O ruído seguido do vento
de um ônibus que não era o seu.
Domingo à noite.
A falta de alguém
a dizer verdades e mentiras.
Encolhido,
um cão velho e rabugento.
E uma longa sensação de iminência
Que nada vai acontecer.

sábado, 25 de julho de 2015

Baile de Máscaras




















A tristeza do Pierot
A lágrima do crocodilo
A fidelidade da Colombina
O gargalhar da hiena
A amizade do Arlequim
O amor do Carnaval
O elogio do invejoso
O lamento da carpideira
A cegueira da justiça
A humildade do vencedor
O reconhecimento do vencido
O abraço do candidato
A simpatia do vendedor
A culpa do governo
A beleza da playboy
O dinheiro da loteria
A fé do condenado
A pena do carrasco
O poder do rei
A bravata do mais forte
A cautela do mais fraco
A democracia do rico
A mais-valia do comunista
O medo do patrão
O sêmen do empregado
A droga do filho
A virgindade da filha
O celibato do padre
O abraço do estuprador
O beijo de Judas
O gozo da prostituta
A morte do indigente

Na sarjeta os ilustres e miseráveis se confundem,
No clube os burgueses quebram regras,
No salão as máscaras valsam sozinhas, já não precisam de corpo, rodopiam e enchem todo o ar de hipocrisia e luxúria.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Da suicida

para os alunos do CFCH–UFPE

Tua paixão me apavora,
Certeza do nada
Trocada numa vida.

Teu olhar não consola,
O vazio, fio da espada,
Rasga a dor sem saída.

Teu corpo cai na aurora,
Outrora, flutuava,
Jaz então esquecida.


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Ah, mar! Ao mar! 

Ah, mar! Ao mar! Ao amar, há mar, amar o mar, mar o amor, ô, mar, amor é o mar e o mar é amar na linha do horizonte.

As sereias amam sua sedução, os capitães amam o ouro que reluz no sangue, os marinheiros, as prostitutas do porto, eu, o amar.

Estar no mar é amar onde não dá pé, é mergulhar e não alcançar o chão. O mar é amar na linha do horizonte. 


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Linhas.



Linhas.

Linhas do corpo,

Linhas de pensamento,

Linhas que marcam,

Linhas que rasgam,

Linhas entre a vida e a morte,

Transversais que formam cruzes,

Paralelas que se encontram no infinito.

Passaporte



Seguro tuas mãos como a água que cai de uma fonte, para que nada escorra, nem tua essência entre meus dedos.

Deito o olhar demoradamente sobre teu rosto, não posso deixar que nenhum detalhe passe desapercebido.

O roubo, o assassínio, a extorsão, nada disso me levaria ao inferno.

Mas qualquer pequena negligência para contigo não seria perdoada por nenhum dos deuses ou homens.

Não, não, não... não posso parar de te olhar, porque a lembrança de tua face servirá de passaporte para o paraíso.

-Fiz coisas erradas como todos os homens; mas olhe o que vi, a boca que beijei, o sentimento que senti e me diga que não mereço uma vaga ao Vosso lado...

ou consentiria, ou não seria Deus.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Tríade do sabor eterno



Lua. Sobre mim o desejo, a consagração.
Crua. Sem tempo, sem prumo, sem rota, sem mundo.
Nua. Corpo que o dia usurpa. Negros belos cílios.
— Toda tua. Beija-flor azul escuridão.
Paixão. Cegueira dengosa que não partilho.

Sol. Sorrisos à mesa, garfos e facas. Puxo
Conversa. Cachos soltos rendem a visão.
Jatobá floresce mil anos. Nosso filho
É vida, movimento, carinho. É tudo.
Deuses invejam: glória, família e ação.

Olhos fechados. Sua beleza, meu suspiro.
O dia chama lá fora — à luta, ao luto.
Sobre a cama, entre as colchas, meu coração.
Prazer adiado para melhor curti-lo.
Louca, a boca calada me chama. Eu fujo.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Estrela do Oswaldo Cruz

Uma estrela quebrou
Estilhaço voou
Ferindo o amor em mim

Na Alameda ou jardim
Sorriso era de graça
Doçura a quem sangrava
Pastores ou atrizes

Dessa estrela-lembrança
Guardo alguma esperança
De mais dias felizes



 ® poema registrado

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mensageiro

E se pessoas fossem anjos, 
anjos sem asas, 
anjos sem Deus e sem pecados? 

Privados do voo de Ícaro, 
buscassem eternamente, 
de todas as formas, 
a liberdade, 
o desprendimento 
dos solos e dos sólidos, 
dos meios e dos fins? 

E se a única maneira 
de aplacar essa angústia 
fosse, de bom grado, 
vendar os olhos, 
amarrar as mãos às costas, 
trancafiar-se em um calabouço, 
em outro anjo: 

O amor.



quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Papoula e o Bebê

A cor (a)trai
os olhos
vermelho provocador

no veludo
o toque
destrói pétalas

o bebê
tem a flor
na mão (e ri)

nariz de pinóquio
não descobriu
espinhos ainda.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

segunda-feira, 11 de maio de 2015

De uma forma ávida,
Como o capitalista busca o lucro,
e o suicida sua morte,
Minhas mãos buscam as suas.

Desde o primeiro toque,
do mais antigo enlaçar dos dedos
Solitárias, elas soam absurdas,
Preto sem branco, vida sem morte,
Minhas mãos sem as suas.

Como as mãos
Se encaixam as angústias,
Se enlaçam os sentimentos,
Se buscam os seres.






tela de Matisse

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Da Generosidade

A Shel Silverstein
Dei-te
Minhas flores, meus frutos,
Os dias mais felizes.
Saboreaste e  partiste

Dei-te
Meus galhos, meu vigor,
O viço da juventude.
Partiste e usufruíste

Dei-te
Meu tronco, minhas ideias,
As melhores histórias.
Simplesmente me partiste

Daria
As raízes, minha vida,
Minh'alma,
Se pedisses e partisses.

Tudo, porque,
Outrora,
Um sentido
Comigo
Repartiste.



sexta-feira, 24 de abril de 2015

De menino a pai foi uma estrada que pintaram di-
versos.

O chão é enorme e o motorista tem pressa.

Consigo vai o desejo de rever o filho que foi
nos risos do filho seu e a certeza de que seu
amor é antigo como esse chão sob as rodas.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Círculo da Infância

Carrossel!
Escarcéu de luzes,
Risos pós lágrimas,
Quem não viver
nesta fica
pra outra rodada.

É cavalo
Cavalão
Cavalinho
Sobe e desce
Charrete
Carrinho.

Flash de pai,
Grito de vó,
Mão na mão
da mãe
do menino.

Gira o verde
A vermelha
O laranja
A amarela
O Pequeno Príncipe
A Hello Kitty.

Carrossel!
Gira no parque,
na praça.
Gira na feira,
no centro
no interior
(de mim).

Felicidade,
que há longa data
Gira
este pouco tempo.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Éramos
Éros
Eu
E
Eva,
Éramos
Erva
Eu
E
Ela,
Erramos
Éros
Eretos
Erratas,
Eva
E
Eu,
Erguemos
E
Erramos
Eremitas

Eras
E
Eras