verso, prosa e frases soltas, gritos na noite, pulso que pulsa, meia-verdade, meia-justiça e um grilo falante

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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Da suicida

para os alunos do CFCH–UFPE

Tua paixão me apavora,
Certeza do nada
Trocada numa vida.

Teu olhar não consola,
O vazio, fio da espada,
Rasga a dor sem saída.

Teu corpo cai na aurora,
Outrora, flutuava,
Jaz então esquecida.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mensageiro

E se pessoas fossem anjos, 
anjos sem asas, 
anjos sem Deus e sem pecados? 

Privados do voo de Ícaro, 
buscassem eternamente, 
de todas as formas, 
a liberdade, 
o desprendimento 
dos solos e dos sólidos, 
dos meios e dos fins? 

E se a única maneira 
de aplacar essa angústia 
fosse, de bom grado, 
vendar os olhos, 
amarrar as mãos às costas, 
trancafiar-se em um calabouço, 
em outro anjo: 

O amor.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Dúvida

A vida fosse um cálice de vinho,
Que nós tomássemos ao bel prazer,
Beberíamos dia a dia um pouquinho,
Para nunca faltar o que sorver.

Toda rosa em si traz um espinho,
Ao que não nos é dado o escolher.
Mas sou eu quem recomenda o caminho
Que vai, no jardim, o pé percorrer.

Sendo-nos dado marcar com a morte,
Teríamos assim a melhor sorte?
Ou, enlouqueceríamos enfim?

Sai de mim, curiosidade grande,
Prefiro mesmo seguir ignorante,
Cego (surdo!), começo, meio e fim.



tela Incredulidade de São Tomé, de Caravaggio