verso, prosa e frases soltas, gritos na noite, pulso que pulsa, meia-verdade, meia-justiça e um grilo falante

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sábado, 28 de março de 2015

Narciso

Pobre poeta,
sou a palavra mais preciosa e precisa.
E me ignora, põe terra sobre mim,
cospe na minha cara!
Insulta, espanca.
Muda meu nome.
Esconde-se de mim.
Mas não escapa.

Cansado, humilhado,
me redime.
Brada aos quatro cantos,
me espalha.

Pobre poeta,
não se livrará de minha sombra.
Pois “eu” sou você.
Em “mim”, há de se afogar.