Um homem precisa se queimar em suas próprias chamas pra poder renascer das cinzas.
Friedrich Nietzsche
verso, prosa e frases soltas, gritos na noite, pulso que pulsa, meia-verdade, meia-justiça e um grilo falante
sábado, 23 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
About
Essa poesia abstrata é de concreto,
cheira a asfalto e tem cor de mentira.
Se o preço da gasolina forra o piso
[da felicidade,
meus rascunhos perdem sentido.
[E isso tudo é maravilhoso.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Dúvida
A vida fosse um cálice de vinho,
Que nós tomássemos ao bel prazer,
Beberíamos dia a dia um pouquinho,
Para nunca faltar o que sorver.
Toda rosa em si traz um espinho,
Ao que não nos é dado o escolher.
Mas sou eu quem recomenda o caminho
Que vai, no jardim, o pé percorrer.
Sendo-nos dado marcar com a morte,
Teríamos assim a melhor sorte?
Ou, enlouqueceríamos enfim?
Sai de mim, curiosidade grande,
Prefiro mesmo seguir ignorante,
Cego (surdo!), começo, meio e fim.
Que nós tomássemos ao bel prazer,
Beberíamos dia a dia um pouquinho,
Para nunca faltar o que sorver.
Toda rosa em si traz um espinho,
Ao que não nos é dado o escolher.
Mas sou eu quem recomenda o caminho
Que vai, no jardim, o pé percorrer.
Sendo-nos dado marcar com a morte,
Teríamos assim a melhor sorte?
Ou, enlouqueceríamos enfim?
Sai de mim, curiosidade grande,
Prefiro mesmo seguir ignorante,
Cego (surdo!), começo, meio e fim.
tela Incredulidade de São Tomé, de Caravaggio
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Human
I did my best to notice
When the call came down the line
Up to the platform of surrender
I was brought but i was kind
And sometimes i get nervous
When i see an open door
Close your eyes
Clear your heart
Cut the cord
Are we human?
Or are we dancer?
My sign is vital
My hands are cold
And I'm on my knees
Looking for the answer
Are we human?
Or are we dancer?
Pay my respects to grace and virtue
Send my condolences to good
Give my regards to soul and romance
They always did the best they could
And so long to devotion
You taught me everything i know
Wave goodbye
Wish me well
You got to let me go
Are we human?
Or are we dancer?
My sign is vital
My hands are cold
And I'm on my knees
Looking for the answer
Are we human?
Or are we dancer?
Will your system be alright
When you dream of home tonight?
There is no message we're receiving
Let me know is your heart still beating
Are we human?
Or are we dancer?
My sign is vital
My hands are cold
And I'm on my knees
Looking for the answer
You've got to let me know
Are we human?
Or are we dancer?
My sign is vital
My hands are cold
And I'm on my knees
Looking for the answer
Are we human
Or are we dancer?
Are we human?
Or are we dancer?
Are we human
Or are we dancer?
|
Eu fiz o meu melhor para perceber
quando o chamado veio
Na plataforma de entrega
Fui levado mas fui gentil
E às vezes eu fico nervoso
Quando eu vejo uma porta aberta
Feche os olhos
Limpe seu coração
Corte o cordão
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Meu sinal é vital
Minhas mãos estão geladas
Eu estou de joelhos
Esperando a resposta
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Apresente meu respeito para graça e virtude
Envie minhas condolências para o bem
Dê meus cumprimentos a alma e romance
Eles sempre fizeram o melhor que podiam
E adeus à devoção
Me ensinou tudo que sei
Acene adeus,
Deseje-me sorte
Você tem que me deixar ir
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Meu sinal é vital
Minhas mãos estão geladas
E estou de joelhos
Procurando a resposta
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Seu sistema ficará bem
Quando sonhar com o lar hoje a noite
Não há mensagem que estamos recebendo
Deixe-me saber, seu coração ainda bate?
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Meu sinal é vital
Minhas mãos estão geladas
E estou de joelhos
Procurando a resposta
Você tem que me deixar saber
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Meu sinal é vital
Minhas mãos estão geladas
E estou de joelhos
Procurando a resposta
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
Somos humanos?
Ou somos dançarinos?
|
quinta-feira, 14 de maio de 2015
quarta-feira, 13 de maio de 2015
segunda-feira, 11 de maio de 2015
De uma forma ávida,
Como o capitalista busca o lucro,
e o suicida sua morte,
Minhas mãos buscam as suas.
Desde o primeiro toque,
do mais antigo enlaçar dos dedos
Solitárias, elas soam absurdas,
Preto sem branco, vida sem morte,
Minhas mãos sem as suas.
Como as mãos
Se encaixam as angústias,
Se enlaçam os sentimentos,
Se buscam os seres.
Como o capitalista busca o lucro,
e o suicida sua morte,
Minhas mãos buscam as suas.
Desde o primeiro toque,
do mais antigo enlaçar dos dedos
Solitárias, elas soam absurdas,
Preto sem branco, vida sem morte,
Minhas mãos sem as suas.
Como as mãos
Se encaixam as angústias,
Se enlaçam os sentimentos,
Se buscam os seres.
tela de Matisse
sábado, 9 de maio de 2015
O Albatroz
Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.
Mal o põe no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrasta-se a seu lado.
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrasta-se a seu lado.
Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico um cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico um cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O Poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
As asas de gigante impedem-no de andar.
Charles Baudelaire
quarta-feira, 6 de maio de 2015
No início do caminho tinha uma pedra
terça-feira, 5 de maio de 2015
A QUEM INTERESSAR POSSA...
Certamente ainda não atingimos o sincero silêncio. Esse inevitável e absoluto momento em que duas pessoas se vêem frente a frente libertas das palavras, ou melhor, aprisionado pela falta delas.
Enquanto esse instante ainda causar angústia, nunca se saberá ao certo se o outro nos despreza, ou simplesmente não tem o que falar; ainda não o entendemos bem. Isso porque a convivência não foi suficiente para apreendermos essa que é uma das coisas mais individuais: o tempo de cada um.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Os crespos fios d'ouro se esparziam
Pelo colo, que a neve escurecia;
Andando, as lácteas tetas lhe tremiam,
Com quem Amor brincava, e não se via;
Da alva petrina flamas lhe saíam,
Onde o Menino as almas acendia;
Pelas lisas colunas lhe trepavam
Desejos, que como hera se enrolavam.
C'um delgado sendal as partes cobre,
De quem vergonha é natural reparo,
Porém nem tudo esconde, nem descobre,
O véu, dos roxos lírios pouco avaro;
Mas, para que o desejo acenda o dobre,
Lhe põe diante aquele objeto raro.
Já se sentem no Céu, por toda a parte,
Ciúmes em Vulcano, amor em Marte.
Os Lusíadas, Canto II
Pelo colo, que a neve escurecia;
Andando, as lácteas tetas lhe tremiam,
Com quem Amor brincava, e não se via;
Da alva petrina flamas lhe saíam,
Onde o Menino as almas acendia;
Pelas lisas colunas lhe trepavam
Desejos, que como hera se enrolavam.
C'um delgado sendal as partes cobre,
De quem vergonha é natural reparo,
Porém nem tudo esconde, nem descobre,
O véu, dos roxos lírios pouco avaro;
Mas, para que o desejo acenda o dobre,
Lhe põe diante aquele objeto raro.
Já se sentem no Céu, por toda a parte,
Ciúmes em Vulcano, amor em Marte.
Os Lusíadas, Canto II
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