O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá-la decorre.
Embaixo, a vida, metade
De nada, morre.
Fernando Pessoa
verso, prosa e frases soltas, gritos na noite, pulso que pulsa, meia-verdade, meia-justiça e um grilo falante
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
No preto e no branco
No preto e no branco
Do escuro do quarto,
Dorme calmo o rosto
Belo. Salvo aqui
De luz e paixões.
É branco no preto
Do escuro do quarto.
O rosto respira
Mesmo ar que eu.
Inspiração dela,
Inspiração minha.
É preto no branco
Do escuro do quarto.
As feições são poucas.
Reverso do espelho.
Mais miro o que foi
E em mim permanece —
Qual vida de cego.
Em algumas cores
Do abajur acesso,
Me vem a saudade
De segundos antes
Quando a vi sorrir.
Acaricio o sono,
A pele e o amor.
Dourados.
Do escuro do quarto,
Dorme calmo o rosto
Belo. Salvo aqui
De luz e paixões.
É branco no preto
Do escuro do quarto.
O rosto respira
Mesmo ar que eu.
Inspiração dela,
Inspiração minha.
É preto no branco
Do escuro do quarto.
As feições são poucas.
Reverso do espelho.
Mais miro o que foi
E em mim permanece —
Qual vida de cego.
Em algumas cores
Do abajur acesso,
Me vem a saudade
De segundos antes
Quando a vi sorrir.
Acaricio o sono,
A pele e o amor.
Dourados.
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